Saiba como surgiram os biquinis!
O biquíni é uma peça fundamental no guarda-roupa da mulher contemporânea, não importando qual modelo, o tamanho, cor ou estampa, porém nem sempre foi assim. Há dois séculos atrás e as pessoas, principalmente as mulheres, não tinham o costume de ir a praia, somente no início do meados do século XIX quando os esportes começaram a ganha popularidade, especialmente a natação, as pessoas começaram ir à praia, surgiu então a necessidade de criar um traje para as mulheres se banharem em piscinas e praias. Esses trajes eram compostos por um "calção" até o joelho, uma túnica, uma capa longa amarada nos ombros, meia e sapatos. "Os trajes de banho nessa época cobriam o mais possível as formas das senhoras ... depois o conforto foi dando suas ordens e os maiôs encurtando ... As pernas foram ficando inteiramente descobertas e surgiram os decotes nos ombros, colo e costas ...", afirma o pesquisador Fernando Moura Peixoto. Ele complementa : "mas o encurtamento prosseguiu e veio o duas-peças e depois o toque ousado com o biquíni".
O biquíni como o conhecemos foi apresentado ao publico em 3 de julho de1946, por Louis Réard em Paris. Porém o parisiense Jacques Heim reclama a autoria. Não se sabe ao certo a legitimidade da invenção. "A briga pela paternidade da diminuta indumentária rende até hoje, afirma o pesquisador Fernando Moura Peixoto. O nome "biquíni" provem do atol de Bikini, no arquipélago Marshall, localiza ao Sul do Pacífico, "na região da Micronésia, oeste da Oceania", completa o pesquisador. Nesta época eram realizados testes nucleares, de bombas atômicas, realizados pela Marinha dos EUA.
Réard "era um engenheiro mecânico desempregado que cuidava do ateliê da mãe, em Paris e aproveitou-se da idéia do estilista Jacques Heim, que criara um pequeno maiô de duas peças denominado "atome", átomo em francês, e confeccionou um tipo ainda menor, escandalizando a sociedade", diz Fernando Moura Peixoto. Talvez Réard profetizasse que sua invenção fosse cair no mundo da moda como uma bomba, como de fato foi o que aconteceu.
A sua idéia era tão devastadora que no inicio apenas poucas mulheres tiveram a coragem de exibir-se usando o biquíni. "O biquíni de Réar era tão pequeno e ousado que não houve manequim parisiense que aceitasse desfilar com ele. A solução encontrada foi apelar para Micheline Benardini, uma dançarina do Cassino de Paris que se apresentava nua em espetáculos musicais noturnos. Em julho de 1946, às margens do Rio Sena, ela posou então com o modelito cavado de Réard, desbancando o recente lançamento do compatriota e rival Heim. A audácia trouxe-lhe notoriedade e fama", declara o pesquisador. E mais: "Polêmico, logo proibido em diversos países e condenado pela Igreja, o biquíni revelava quase tudo, para o delírio da libido masculina" completa Fernando Moura.
O biquíni só se popularizou na década de sessenta devido a revolução sócio-cultural que acontecia no mundo, "entre elas o surgimento da pílula anticoncepcional e a eclosão da liberação feminina" diz Fernando. Com as mulheres buscando sua independência o biquíni era uma forma de expressar a liberdade.
"Seguiu-se mais de um decênio. A telona mágica as sétima arte contribuiu para a popularidade do biquíni, recheado pela sensualidade e o erotismo de atrizes como Janis Paige, Brigitte Badot, Sophia Loren, Gina Lollobrigida, Mylene Demongeot, Pascale Peti, Marisa Allasio, Rossana Podestá e, depois Ursula Andress e Rachel Welch, dentre tantas" afirma Fernando.
No Brasil, em pleno regime de ditadura o presidente Jânio Quadros resolveu proibi-lo nas praias brasileiras, mas como tudo que é proibido, o uso de biquínis cresceu e seu tamanho foi diminuindo. Surgiu no Brasil na década de setenta uma versão o modelos 'cortininha' que foi introduzido por Inês Mynsseen e outra versão ainda menor, a tanga que a bela atriz Rose di Primo desfilou nas praias cariocas, onde há registros de que até mulheres grávidas usaram o tal modelo, escandalizando a sociedade da época.
Nos anos oitenta com o início do culto ao corpo o Brasil choca o mundo com o "fio dental" que deixa quase todo o bumbum a mostra. Desde a tanga carioca o Brasil passou a editar moda praia, tornando-se uma grande referência desse universo, onde diversas confecções localizadas no Rio e Nordeste, exportam seus biquínis e criações beachwear, para o mundo.
Camila Preitas é aluna de graduação em Moda da Universidade Anhembi Morumbi.
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